1ª MOSTRA DA CASA HOFFMANN: 15 de Julho de 2011
Apresentei a minha pesquisa por meio de uma seqüência de estado corporal improvisada. Todo material ainda é cru e preciso me aprofundar nela. Eu optei em colocar as cadeiras da platéia bem próximo para dialogar melhor com ela, no entanto, quando o trabalho ainda não está claro se torna difícil dialogar com o espectador. Além do mais, eram muitas imagens borbulhando dentro de mim, dar conta delas já foi complicado e exaustivo. Por meio dessas imagens fui transitando entre estados corporais. O fato é que vomitei os movimentos do laboratório corporal numa seqüência que fizesse um pouco de sentido. Ainda não é a dramaturgia final da obra, foi um momento de mostrar o quanto de impulso interno existe e reverbera no meu corpo. Não consegui trocar energias o quanto gostaria com o público, mas creio que tenho material corporal a serem organizado e trabalhado. Vou pegar o vídeo que o Fernando Dourado, iluminador, gravou da mostra. Quero me ver, entender melhor o que houve ontem. Depois comprar os confetes do cenário e providenciar o figurino. Agora é o momento de alinhavar os materiais pesquisados que tenho.
Feedbacks dos orientadores:
- Olga Nenevê:
- Perguntou se a separação em duas fases a apresentação era proposital: Respondi que tenho característica de criar intervalos brancos nas transições dos movimentos. Isso possui relação com a minha organização mental que busca inicio, meio e fim em tudo (o fim costuma aparecer como pausa e/ou silêncio). É algo que tenho trabalhado para que essa característica seja uma opção minha - não uma falta de opção. No fim, eu respondi que não tive objetivo em dividir em 2 fases, mas que eu tinha vários estados corporais que precisava passar.
- Comentou que sentiu meu olhar ilhado: respondi que não dei conta do recado e que o objetivo não era isso.
- Sentiu falta de expansão de energia no espaço: também disse que não dei conta do recado, não consegui dançar com o público muito próximo ao meu redor. Este será o meu desafio do solo, pois me interessa ter a platéia ao redor e próximo de mim. Vou insistir em trabalhar com isso, mas o tempo e a pesquisa mostrará a melhor disposição da platéia.
- Ailton Galvão:
- Sentiu falta do ritual que tinha comentado na orientação: na verdade eu tinha colocado um momento de ritual na apresentação, mas foi energético demais. Acredito que preciso ter mais serenidade nesse momento (fui ansioso o tempo inteiro da apresentação).
- Ele achou os movimentos emendado demais, sem respiros: devo concordar, estava ansioso e vomitei os movimentos pesquisados. Agora preciso trabalhar mais o silêncio, serenidade e a leveza.
- Assim como a Olga ele achou o meu olhar ilhado.
Segue abaixo o roteiro pessoal da apresentação (eu não tenho intenção que as pessoas entendam literalmente as minhas imagens internas, mas necessito delas para eu poder dançar e externizar em imagem externas):
- A carne apodrece, deformação, desapego pela visão, ouvido e boca. Começo com as mãos no peito;
- Lavar o corpo, limpeza e purificação;
- Dificuldade de desapego: movimentos da mãos presas, luta, desapego, devaneio, desequilíbrio, vagar e procurar.
- Insatisfação, autoflagelo, movimentos socados. Termina quando consigo soltar as mãos do item 3 no centro da sala;
- Ritual no centro da sala (tudo na vida possui um ritual de passagem): trabalhar com cerimônia, o ritual evocará a energia telúrica.
- Movimento do bicho: movimento no chão no centro da sala com duas palmas no chão. Usar muito a coluna e sentir os apoios da terra nas mãos, muita suspensão. Trazer movimento lascivo e mundano também. Aceitar o profano junto ao sagrado.
- Depois de acumulado a energia trasbordo ela para o espaço. Muito apoio da terra e deslocamento. Firmeza nos passos que me elevam aos saltos, pois é assim que o homem voa na terra, aceitando a gravidade sobre a carne, sem asas, penas e auréola.
- Começo a dialogar como o céu, olhar para ele, mostrar que fico na terra e dançarei aqui.
- Dançar com prazer a vida, pois para mim o inferno, céu e a terra se encontram aqui. Tudo está harmônico.
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