O solo "Vozes do outono" foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura pelo Edital 265-10 de Pesquisa em Dança da Casa Hoffmann Centro de Estudo de Movimentos em 2011 pela Fundação Cultural de Curitiba. A estreia aconteceu no dia 27 de setembro de 2011 no evento DANCON Liga Cultural de Dança em Belo Horizonte.

sábado, 16 de julho de 2011

Processo 019

1ª MOSTRA DA CASA HOFFMANN: 15 de Julho de 2011

Apresentei a minha pesquisa por meio de uma seqüência de estado corporal improvisada. Todo material ainda é cru e preciso me aprofundar nela. Eu optei em colocar as cadeiras da platéia bem próximo para dialogar melhor com ela, no entanto, quando o trabalho ainda não está claro se torna difícil dialogar com o espectador. Além do mais, eram muitas imagens borbulhando dentro de mim, dar conta delas já foi complicado e exaustivo. Por meio dessas imagens fui transitando entre estados corporais. O fato é que vomitei os movimentos do laboratório corporal numa seqüência que fizesse um pouco de sentido. Ainda não é a dramaturgia final da obra, foi um momento de mostrar o quanto de impulso interno existe e reverbera no meu corpo. Não consegui trocar energias o quanto gostaria com o público, mas creio que tenho material corporal a serem organizado e trabalhado. Vou pegar o vídeo que o Fernando Dourado, iluminador, gravou da mostra. Quero me ver, entender melhor o que houve ontem. Depois comprar os confetes do cenário e providenciar o figurino. Agora é o momento de alinhavar os materiais pesquisados que tenho. 

Feedbacks dos orientadores:

  1. Olga Nenevê:
    • Perguntou se a separação em duas fases a apresentação era proposital: Respondi que tenho característica de criar intervalos brancos nas transições dos movimentos. Isso possui relação com a minha organização mental que busca inicio, meio e fim em tudo (o fim costuma aparecer como pausa e/ou silêncio). É algo que tenho trabalhado para que essa característica seja uma opção minha - não uma falta de opção. No fim, eu respondi que não tive objetivo em dividir em 2 fases, mas que eu tinha vários estados corporais que precisava passar.
    • Comentou que sentiu meu olhar ilhado: respondi que não dei conta do recado e que o objetivo não era isso.
    • Sentiu falta de expansão de energia no espaço: também disse que não dei conta do recado, não consegui dançar com o público muito próximo ao meu redor. Este será o meu desafio do solo, pois me interessa ter a platéia ao redor e próximo de mim. Vou insistir em trabalhar com isso, mas o tempo e a pesquisa mostrará a melhor disposição da platéia.
  2. Ailton Galvão:
    • Sentiu falta do ritual que tinha comentado na orientação: na verdade eu tinha colocado um momento de ritual na apresentação, mas foi energético demais. Acredito que preciso ter mais serenidade nesse momento (fui ansioso o tempo inteiro da apresentação).
    • Ele achou os movimentos emendado demais, sem respiros: devo concordar, estava ansioso e vomitei os movimentos pesquisados. Agora preciso trabalhar mais o silêncio, serenidade e a leveza.
    • Assim como a Olga ele achou o meu olhar ilhado.

Segue abaixo o roteiro pessoal da apresentação (eu não tenho intenção que as pessoas entendam literalmente as minhas imagens internas, mas necessito delas para eu poder dançar e externizar em imagem externas):

    1. A carne apodrece, deformação, desapego pela visão, ouvido e boca. Começo com as mãos no peito;
    2. Lavar o corpo, limpeza e purificação;
    3. Dificuldade de desapego: movimentos da mãos presas, luta, desapego, devaneio, desequilíbrio, vagar e procurar.
    4. Insatisfação, autoflagelo, movimentos socados. Termina quando consigo soltar as mãos do item 3 no centro da sala;
    5. Ritual no centro da sala (tudo na vida possui um ritual de passagem): trabalhar com cerimônia, o ritual evocará a energia telúrica.
    6. Movimento do bicho: movimento no chão no centro da sala com duas palmas no chão. Usar muito a coluna e sentir os apoios da terra nas mãos, muita suspensão. Trazer movimento lascivo e mundano também. Aceitar o profano junto ao sagrado.
    7. Depois de acumulado a energia trasbordo ela para o espaço. Muito apoio da terra e deslocamento. Firmeza nos passos que me elevam aos saltos, pois é assim que o homem voa na terra, aceitando a gravidade sobre a carne, sem asas, penas e auréola.
    8. Começo a dialogar como o céu, olhar para ele, mostrar que fico na terra e dançarei aqui.
    9. Dançar com prazer a vida, pois para mim o inferno, céu e a terra se encontram aqui. Tudo está harmônico.

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