O solo "Vozes do outono" foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura pelo Edital 265-10 de Pesquisa em Dança da Casa Hoffmann Centro de Estudo de Movimentos em 2011 pela Fundação Cultural de Curitiba. A estreia aconteceu no dia 27 de setembro de 2011 no evento DANCON Liga Cultural de Dança em Belo Horizonte.

sábado, 18 de agosto de 2012

Release da obra / Ficha técnica

DANCON - Liga cultural de dança<br />Camaleões: Festa contemporânea , Clênio Magalhães + Foto Persona BH<br />©netun lima/Divulgação

Entende-se que para vivermos bem precisamos compreender a morte. O Outono é o preparo para a chegada do Inverno. O solo “Vozes do Outono” fala dos questionamentos que surgem nesse momento: O que é paz de espírito? É possível sentir intensamente o Outono? Para que serve o Inverno? Essas perguntas são dadas ao público por meio de ‘Haikais’ dançantes. São imagens cênicas contemplativas, que podem vir a ser reflexões. Em busca dessas metáforas, o solo transita na tênue diferença entre gesto, símbolo, teatro e dança. Apesar disso, essas diferenças pouco importam em cena, pois os contornos entre elas desaparecem transformando-se apenas em imagens poéticas dentro de uma atmosfera cênica etérea. Inspirando-se no ‘Haikai’, a obra não procura dar respostas ao público, pois cada espectador precisa buscá-las dentro de si mesmo. Assim, as perguntas poéticas precisam ser correspondidas com imagens poéticas pessoais. O solo “Vozes do Outono” é um trabalho que explora a natureza efêmera da dança numa metalinguagem própria à Vida.

  • Criação e interpretação: Yiuki Doi
  • Orientação artística: Ailton Galvão, Cintia Napoli e Olga Nenevê
  • Concepção sonora: Edith de Camargo e Yiuki Doi
  • Iluminação: Erika Mityko e Yiuki Doi
  • Figurino e cenário: Yiuki Doi
  • Produção: Cindy Napoli
  • Realização: desCompanhia de dança
  • Tempo da obra: 19 minutos
  • Público: Jovens e Adultos

 


Voices of the Autumn

It's undersood that for us to live well, we must understand death. Autumn is the preparation for the arrival of winter. The solo "Voices of the Autumn" speaks of the emerging questioning of this time: What is it to be at peace? Is it possible to intensely feel the autumn? What is the winter any good for? These are questions brought to public through dancing 'Haikais'. They are contemplative scenic images, which may come to be reflections. In search of these metaphors, the solo transits in the tenuous difference between gesture, symbol, theatre and dance. Despite this, these differences are of little importance in scene, for the contours between them disappear turning them into poetic images in an ethereal scenic atmosphere. Inspired by the 'Haikai', the piece does not seek to provide answers to the public, for each spectator must find these within themselves. This way, the poetic questions must be corresponded with personal poetic images. The solo "Voices of the Autumn" is a work which explores the ephemeral nature of dance in a metalanguage proper to Life.

Kirigami–Lisa Rodden

Imagem abaixo retirado deste site.

A artista australiana Lisa Rodden corta e dobra pedaços de papel em cima de pinturas em tinta acrílica para criar essas incríveis esculturas.

 


p.s. encontrei outra artista bacana que utiliza técnica similar. Yiuki

Artist:Eiko Ojala.
Vertical landscape-Paper Landscape.

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domingo, 29 de julho de 2012

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A seguir se encontram as anotações do processo de criação do solo. Muitas vezes os relatos são didáticos demais, mas isso se deve à necessidade compartilhar o universo de pesquisa e criação da dança para um público geral e, principalmente, para a administração pública do município de Curitiba.

Yiuki Doi

sábado, 3 de março de 2012

Proposta de encenação

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A presente obra visa, através de atos cênicos, propor reflexões a respeito das relações entre morte e vida, entendendo que a primeira é inerente à segunda, uma vez que a interdependência dos opostos é uma condição existencial dos entes em processo de sucessivas transformações. Isto é Vida.

Partindo desse ponto de partida, a dramaturgia cênica foi tecida relacionando o sagrado e o profano, por exemplo: rastejamento e vôo; razão e desrazão; rompimento e tradição; fecundação e esvanecimento; eternidade e efemeridade; nascimento e morte; casulo e sepulto; confetes e cinzas, etc. Além destes fenômenos contrastantes, dialéticos, entrelaçou-se cenicamente o entendimento de que a demasiada clareza da obra artística não oferece necessariamente o devido espaço para a ampliação do ato de imaginação do público. Sendo assim, o paradoxo causado pelas dualidades, além de condizer com a temática da obra, possui a função de eduzir a imaginação do espectador por meio de um estado de obnubilação.

A tentativa em estimular a imaginação do público aliada à temática da obra aproximou a pesquisa dramatúrgica ao Haikai.

O Haikai é uma poesia nipônica sucinta (três linhas e dezessete sílabas) que possui o objetivo de “capturar a essência do local numa poesia contemplativa e descritiva com grande valorização nos contrastes, na transformação e dinâmica, na cor, nas estações do ano, na união com a natureza, no que é momentâneo versus o que é eterno”(1). A afinidade com essa forma de poesia trouxe ao solo a investigação de movimento inspirada no aspecto psicológico e representativo dos cinco elementos da natureza: água, terra, árvore, fogo e ar.

Para concatenar a complexidade preposta, a escolha do material cênico foi demorada e crucial; afinal, era necessário encontrar um potencial imagético que abordasse todas essas peculiaridades. Após três meses de pesquisa, a solução encontrada foi mostrar a interação entre contrastes estéticos que a dança do intérprete criava, interagindo com o figurino e o cenário pesquisado:

  • Figurino: camisa social branca de manga super comprida;
  • Cenário: chão repleto de confetes de carnaval.

Assim, juntando com a investigação das imagens internas do bailarino, que conduz suas improvisações, definiu-se que o seu trabalho cênico seria o de promover certa atmosfera do teatro por meio desses dois elementos, os quais interatuados pelo movimento da dança poderiam evocar imagens de vida e morte ao público. Também, condizendo com a temática, as telas pintadas deveriam ser sucessivamente desfiguradas por uma dança que estimulasse as sensações ancestrais humanas por meio de gesto, rito e simbologia.

Por fim, de todo este processo ora exposto é um solo singelo, contemplativo, sem virtuosismo físico, mas que propõe um dueto com a imaginação do espectador através da abstração daquilo que é inteligível em cena; trata-se, portanto, de obra aberta de interpretação para espaços alternativos a fim de difundir esta modalidade de arte e promover a formação de um público voltado à dança contemporânea, a qual seja possível contemplar uma diversidade de espaços tais como salas de aula em escolas múltiplas, espaços abertos ou não em museus, espaços ociosos em prédios de administração pública, associações, igrejas, teatro intimista, etc.

(1) Retirado do texto “O zen e a arte do Haikai” hospedado no endereço eletrônico: http://www.insite.com.br/rodrigo/poet/haikai.html

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Mapa de Luz

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Quarta-feira de Cinzas

Dia nublado em quarta-feira de cinza. Às vezes acho que dormir é bom, pois sei que quando acordo o tempo mudou a paisagem.

O jardim Zen

Texto original retirado deste site.

Mais tarde, o idealismo da Era Heian tornou-se realidade. Durante as Eras feudais de Kamakura (1185~1333) e Muromachi (1333~1568), os jardins mais construídos no Japão eram aqueles provenientes dos conceitos do Zen-Budismo.

Estes são chamados de kare-san-sui (literalmente, seco-montanha-água), nome que alude à composição deste jardim, que cria um cenário metafórico de montanhas e águas (rios ou mares), sem que nenhuma água real seja utilizada. A areia do chão é varrida, representando o fluir das águas, e as pedras dispostas de forma que remetam a montanhas. Esse tipo de jardim, normalmente possui uma extensão pequena, não sendo próprio para que se passeie por ele, mas sim para que seja explorado mentalmente.

Muitas fábulas Budistas podem ser transmitidas pela disposição de seus componentes e sua confecção e manutenção é, geralmente, tida como um exercício de meditação para os monges Zen, os quais consideram manter o jardim limpo e organizado um meio de manter a alma pura e concentrada.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Olhar

O olhar me parece que é o instantes em que dois universos se tocam. Esses encontros podem acontecer por meio de várias circunstancias energéticas: Ying e Yang que se aproximam, interesses intelectuais em comum, admiração ao virtuosismo, afetividade em comum, competitividade profissional, etc. Com os estudos da desCompanhia de dança compreendi que posso mudar a polaridade e o estado do meu ser a fim de obter diferentes conectividade/relações com outros mundos. Contudo antes de modificar o meu sistema energético necessito do “olhar elevado” como se fosse um “satori” do instante. Seria um estado não-manifestado para compreendermos o nosso entorno. Com ela posso fazer uma escolha mais consciente do meu foco. Nesse aspecto quando a diretora artística Cintia Napoli solicita que eu respire e pause para reconectar e atualizar em cena, vejo que é uma decisão sábia, mas que na maioria das vezes é difícil fazer, pois em questão de atuação cênica não posso me zerar totalmente. A partir desse paradoxo compreendi que existe um Satori, com S maiúsculo, e outros micros satoris dentro do estar humano, seja no palco ou na vida real. Vislumbrar esses micros-satoris mantendo as demais manifestações escolhidas é o grande desafio para mim como ser humano e artista. Yiuki Doi

P.S. Parece-me que a melhor forma de estar no instante presente é uma busca da atenção no corpo: Respiração, textura, perceber o olhar do público, temperatura do ambiente, etc.

sábado, 7 de janeiro de 2012

HAIGA

Haiga (俳画 - "desenho de haikai") é o nome que se dá, em japonês, à imagem que ilustra um haicai, normalmente uma pintura. Quem faz a haiga pode ser o próprio poeta (o haijin, ou seja, escritor de haicais), ou às vezes outra pessoa qualquer, porém ela tem sempre o fim de complementar a ideia exposta no haicai. Uma haiga sempre é um desenho simples, com traços singelos. A haiga (pronuncia-se haigá) serve para complementar o haikai, que por si só já é um poema conciso, apesar de delicado.

Acima, uma haiga feita por Yosa Buson.

Tradicionalmente, essa pintura é feita com o mesmo pincel que o artistas escrevem os versos do poema, em cores e tons semelhantes, para preservar a harmonia do haikai. Um dos primeiros a fazer esse tipo de arte foi Bashō, o maior de todos os haijins, embora não tenha sido ele o criador da haiga. Vale lembrar que no Japão a prática de fazer uma imagem para ilustrar os versos não existe só no haikai, ela está em todas as outras formas de poesia.

Texto acima retirado do Wikipédia. Yiuki Doi

Segue abaixo imagens enviadas pela Bel Nejur da desCompanhia de dança que fizeram recordar o solo Vozes do Outono:

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