O solo "Vozes do outono" foi aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura pelo Edital 265-10 de Pesquisa em Dança da Casa Hoffmann Centro de Estudo de Movimentos em 2011 pela Fundação Cultural de Curitiba. A estreia aconteceu no dia 27 de setembro de 2011 no evento DANCON Liga Cultural de Dança em Belo Horizonte.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

CARTAS A UM JOVEM POETA (1ª Carta) - Rainer Maria Rilke

Em 2006, a minha mestra e diretora, Cintia Napoli, solicitou para que a companhia inteira lesse esse livro. Foi o marco da mudança da desCompanhia de dança, após isso, por vários motivos as pessoas começaram a sair, ficaram somente dois bailarinos:  Juliana Adur e eu. Lembro que na época eu não tinha compreensão do que é viver dessa maneira, era um universo muito distante. Hoje sinto que algo mudou, e gosto de recordar essa carta que é simbólico à minha vida. O interessante é que para mim o caminho para ser artista não aconteceu de uma hora para outra. Ele se abriu no caminhar, e acima de tudo na decisão de seguir o desconhecido. Não importa se possuimos todas as características necessárias para esta devoção. O importante é seguir, continuar, e no meio disso tudo, algo acontece num intervalo de tempo desconhecido. Lembro de uma personagem de um anime que não tinha emoção, o pai que tinha emoção dizia à filha: Sorria, querida, mesmo que seja pela forma, coloque os dedos nas laterais da boca e levante-as.  De tanto repetir, um dia, algo acontecerá e o sorriso tomará conta do seu rosto. Existem coisas que acontecem dessa maneira.
P.S. Atualmente a desCompanhia possui 4 bailarinos, 1 Produtora, 1 Diretora e 1 Iluminador. Além deles gostamos de fazer parcerias com pessoas com continuidade.

Paris, 17 de fevereiro de 1903

Prezadíssimo Senhor,

Sua carta alcançou-me apenas há poucos dias. Quero agradecer-lhe a grande e amável confiança. Pouco mais posso fazer. Não posso entrar em considerações acerca da feição de seus versos, pois sou alheio a toda e qualquer intenção crítica. Não há nada menos apropriado para tocar numa obra de arte do que palavras de crítica, que sempre resultam em mal-entendidos mais ou menos felizes. As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizívies quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos suscetíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte, — seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efêmera.

Depois de feito este reparo, dir-lhe-ei ainda que seus versos não possuem feição própria, somente acenos discretos e velados de personalidade. É o que sinto com a maior clareza no último poema Minha alma. Aí, algo de peculiar procura expressão e forma. No belo poema A Leopardi talvez uma espécie de parentesco com esse grande solitário esteja apontando. No entanto, as poesias nada têm ainda de próprio e de independente, nem mesmo a última, nem mesmo a dirigida a Leopardi. Sua amável carta que as acompanha não deixou de me explicar certa insuficiência que senti ao ler seus versos sem que a pudesse definir explicitamente. Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, — ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas deste longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre o lusco e fusco diante do qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, — o único existente. Também, meu prezado Senhor, não lhe posso dar outro conselho fora deste: entrar em si e examinar as profundidades de onde jorra sua vida; na fonte desta é que encontrará resposta à questão de saber se deve criar. Aceite-a tal como se lhe apresentar à primeira vista sem procurar interpretá-la. Talvez venha significar que o Senhor é chamado a ser um artista. Nesse caso aceite o destino e carregue-o com seu peso e a sua grandeza, sem nunca se preocupar com recompensa que possa vir de fora. O criador, com efeito, deve ser um mundo para si mesmo e encontrar tudo em si e nessa natureza a que se aliou.

Mas talvez se dê o caso de, após essa decida em si mesmo e em seu âmago solitário, ter o Senhor de renunciar a se tornar poeta. (Basta como já disse, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo). Mesmo assim, o exame de sua consciência que lhe peço não terá sido inútil. Sua vida, a partir desse momento, há de encontrar caminhos próprios. Que sejam bons, ricos e largos é o que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir.

Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.

Foi com alegria que encontrei em sua carta o nome do professor Horacek; guardo por este amável sábio uma grande estima e uma gratidão que desafia os anos. Fale-lhe, por favor, neste meu sentimento. É bondade dele lembrar-se ainda de mim; e eu sei apreciá-la.

Restituo-lhe ao mesmo tempo os versos que me veio confiar amigavelmente. Agradeço-lhe mais uma vez a grandeza e a cordialidade de sua confiança. Procurei por meio desta resposta sincera, feita o melhor que pude, tornar-me um pouco mais digno dela do que realmente sou, em minha qualidade de estranho.

Com todo o devotamento e toda a simpatia,

Rainer Maria Rilke

domingo, 4 de dezembro de 2011

Pureza

Separar-se de um relacionamento, lavar os pratos após as refeições, sair de bem do emprego, deixar a rua limpa, etc.
Percebo que não deixar rastros é difícil, pois enquanto vivos sempre deixamos marcas.
Hoje, admiro a folha branca e o silêncio, pois são puros na essência.
Buscar-me ser puro para que seja feita uma manifestação consciente… Esse é o meu eterno desafio diário.

Yiuki Doi

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Yiuki Doi (Curriculum)

Blog Vozes Yiuki Doi CurriculumDançarino e professor do projeto SummuS Contato Improvisação (2010-). Fez parte da desCompanhiade dança durante 10 anos (2005-2015). Foi bolsista residente da Casa Hoffmann Centro de Estudos do Movimento de Curitiba no ano de 2011 e 2012.

Com experiência maior em dança contemporânea, conheceu o Contato Improvisação em 2007. Mantendo atualização constante em workshops, participou do III, IV e VIII Encontro Internacional de Contato Improvisação de São Paulo (2011, 2012 e 2017). Em 2014, foi professor no Sul em Contato – Festival Internacional de Contato Improvisação de Porto Alegre.

Entre seus professores de CI, facilitadores, se encontram: Olase Freeman, Ralf Jaroschinski, Ana Alonso, Nita Little, Paula Zacharias, Cris Turdo, Fernanda Carvalho Leite, Nita Little, Diogo Granato, Fernando Neder, Daniela Schwartz, Eckhard Mueller, Autarco Arfini, Alessandro Rivellino, Juliana Vicari, Lior Ophir, Marina Scandolara, Ryan Lebrão, OberDan Piantino, Leo Serrano e Hugo Leonardo.

Como artista criador fez parte da montagem do espetáculo “allsense (Grupo, 2005)”, “Ainda é rosa (Solo, 2007)”, “Lugares de mim (Grupo, 2008)”, “Feche os Olhos para Olhar (Grupo, 2010)”, "Vozes do Outono" (Solo, 2011), “sobre sujeitos, objetos e afetos” (Grupo, 2012)", “IN-REAL acontecimentos poéticos” (Grupo,2012),  Input (Grupo, 2014), “Plaftpet” (Grupo 2015) da desCompanhia de dança. Através desses trabalhos, participou do Programa Destino Brasil Dança do Canal Brasil (2014); do Projeto Modos de Existir - SESC Pompeia/SP (2013); das Semanas de Dança do Centro Cultural São Paulo (2013); Festival Internacional de Dança de Ingostadt / Alemanha (2011); entre outros eventos de dança.

Como ativista cultural foi integrante do Fórum de Dança de Curitiba (2010-2016), membro da Comissão do Fundo Municipal de Cultura de Curitiba (2016), delegado setorial da dança na Conferência Extraordinária da Cultura de Curitiba 2014, delegado da cultura da Conferência de Cultura da Macrorregião de Curitiba 2012 e integrante do Conselho Municipal da Cultura de Curitiba (2010-2012)

Formado em Desenho Industrial Programação Visual pela UFPR também é sócio administrativo da Star T Design (2007-). Atualmente está graduando em Licenciatura em Dança pela FAP/UNESPAR.

“Vozes do Outono” no Museu Oscar Niemeyer / 04 de Dezembro de 2011 (Curitiba – PR)

“Dança Performativa no MON
com a curadoria de Rosemeri Rocha”

  • Solos: “Vozes do Outono”
  • Data: 04 de Dezembro de 2011 (domingo)
  • Horário: apartir das 14:30 (haverá vários performances em seqüencia, favor verificar os horários na programação abaixo)
  • Endereço: Museu Oscar Niemeyer, R. Marechal Hermes, 999, Centro Cívico, Curitiba, Paraná – Brasil CEP: 80530230
  • Entrada: Gratuita
  • Programação: no informativo abaixo.

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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

AS METÁFORAS DANÇADAS - Fátima Wachowicz

AS METÁFORAS DANÇADAS
Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Dança, metáfora, ciências cognitivas

Relacionar a dança e as ciências cognitivas foi a estratégia utilizada para a pesquisa de mestrado intitulada: “Embodied, um espetáculo de metáforas dançadas”, defendida em novembro/2005, junto ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). A Embodied Cognitive Science foi aplicada como fundamentação teórica, sobretudo no que se refere ao estudo das metáforas, abordado por George Lakoff e Mark Johnson nas publicações de 1999(Philosophy in the Flesh-The Embodied Mind its Challenge to Western Thought) e 2002 (Metáforas da vida cotidiana). As hipóteses filosóficas apontadas pelos autores Lakoff e Johnson propõem a mudança paradigmática sobre a natureza da razão, afirmam o conceito de pensamento metafórico, a incorporação da mente
(embodied mind), e indicam, ainda, que o pensamento, assim como as ações, decorrem do sistema sensoriomotor, porém se manifestam de maneiras diferentes. Assim, a cognição é o espaço onde o corpo, o ambiente e o cérebro estão acoplados densamente, e a metáfora tornase uma importante ferramenta cognitiva.

Os autores sugerem, nas publicações de 1999 e 2002, que a razão é o fundamento ou causa justificativa de uma ação, atitude ou ponto de vista; que é a crença filosófica que define as características humanas (LAKOFF E JOHNSON, 1999:4). Então, uma mudança na visão de
razão significa uma alteração na crença filosófica e nos parâmetros referenciais de observação e pesquisa de um objeto, qual seja, artística, científica ou outra.

Desta maneira, os autores identificam uma mudança radical sobre o que é razão, sua natureza e como ela opera, e sugerem três pressupostos que afetam aspectos centrais da tradicional filosofia ocidental1: o conceito embodied mind (mente incorporada), o pensamento metafórico e o subconsciente cognitivo.

O conceito embodied mind afirma que as ações de raciocinar, perceber e executar funções corporais encontram-se densamente interconectadas em nosso cérebro. Isto leva a acreditar que muito da inferência conceitual é inferência sensoriomotora. E assegura, ainda, que razão não é completamente consciente; não é puramente literal, mas largamente metafórica e imaginativa; e também não é impassional, mas engajada emocionalmente.

O conceito de pensamento metafórico propõe que metáforas são inferências relativas ao fenômeno sensorial e à atividade motora em concomitância, decorrentes da ativação de conexões neurais, nas quais se estruturam os conceitos de experiências e julgamentos subjetivos.

Assim, pode-se pensar que metáforas não são simples formas de articulação de palavras, mas estratégias de pensamento e ação. Divergindo da idéia que ainda prevalece, porém, é anacrônica e localiza a metáfora apenas como um ornamento lingüístico destituído de importante valor cognitivo.

Uma manifestação de dança já é possuidora de conceitos estéticos e, nesta perspectiva, de valores políticos. Referenciais filosóficos, estéticos e políticos estão ordenados e conectados como uma malha conceitual que intercambia informações e, a partir desta permuta, criamse
e recriam-se formas e significados. Na dança, metáforas podem se estabelecer e vir a atuar nas ações de movimentos durante um espetáculo, pois se estruturam nos conceitos de experiências e julgamentos subjetivos dos intérpretes. Observa- se que os dançarinos podem sugerir metáforas como estratégias de pensamento e ação e que os mesmos parecem atuar como agentes metafóricos que compreendem e experimentam uma coisa em relação à outra.

Segundo Lakoff e Johnson, a razão é fundamentalmente embodied e esse é o achado das ciências cognitivas, do qual se destaca um aspecto: articula que é a razão tramada com os corpos e peculiaridades do cérebro, e que esses resultados dizem que os corpos, os cérebros e as interações com o ambiente provêm da mais inconsciente base da metafísica diária, que é o senso do que é real. O senso do que é real começa nas dependências cruciais entre o corpo, especialmente o aparato sensoriomotor, o qual permite ao corpo perceber, mover e manipular, e nas estruturas detalhadas dos cérebros, as quais teriam sido formatadas em ambas evoluções e experiências.

Uma vez que o corpo apreendeu uma informação, tem-se a necessidade de categorizar e organizar as informações. Tais categorias seriam, então, formadas pelo nosso embodiement. Para os autores, a formação e uso das categorias são a essência da experiência. Os corpos e cérebros estão constantemente engajando informações e categorizandoas.

A nova que chega aos neurônios do cérebro é distribuída no corpo em rede, e a rede perceptiva fornece a informação ao corpo. Desta maneira, entende-se que os pensamentos passam pela motricidade, assim como a noção de amor ou as noções abstratas.

Percebe-se, portanto, que a metáfora envolve a compreensão de um domínio da experiência, e pode ser entendida como um mapeamento.

Os autores entendem que “nenhuma metáfora pode ser compreendida ou até mesmo representada de forma adequada, independentemente de sua base experiencial” (L&J: 2002,68).

Pode-se sugerir que um dançarino, ao experimentar a qualidade de um objeto, ou uma manifestação da natureza, como o vento ou a água, ou um estado moral, ou outra qualidade que lhe interesse no movimento, em seu corpo, ele está investigando um conceito metafórico, uma vez que se entende que “a metáfora não é uma questão apenas de linguagem, mas de pensamento e razão” (LAKOFF E JOHNSON, 2002:25).

Em uma dança, um leitmotiv é o motivo condutor, é a idéia sobre a qual se insiste com freqüência, a repetição de determinado tema que envolve uma significação especial naquela dança. Já a idéia de experimentar uma qualidade de movimento no corpo e dançar a experiência de tal conceito, explorando as possibilidades de movimentos, observando como o corpo se comporta ao executar esta proposta, não seria um leitmotiv, o tema que se repete, mas uma idéia que está lá, no corpo. Uma metáfora experimentada no corpo.

Pode-se pensar, então, que uma metáfora estrutura um conceito, ou pelo menos é material indispensável para isso. Assim, concorda-se que pensamento não é algo puramente objetivo e definido pelo mundo externo, mas que o modo como se pensa está inseparavelmente ligado ao modo como o corpo se orienta e atua no mundo.

Os autores utilizam o exemplo de uma corrida, que existe no tempo e no espaço e é bem demarcada. Ao seguir esta linha de raciocínio, ajustando-a para um espetáculo, constata-se que este também existe no tempo e no espaço, e pode ser visto como um recipiente, pois contém objetos (os participantes), é um evento que começa e acaba (início e fim são objetos metafóricos), e possui uma atividade inserida, que pode incluir dança, atuação, performance, qual seja, uma substância metafórica contida no recipiente. Um espetáculo é um recipiente, capaz de comportar outras metáforas.

É importante ressaltar que um recipiente é aqui sugerido como o ponto de convergência de uma atividade, passível de trocas de informações entre seus componentes e com o ambiente. O recipiente é compreendido como o lugar para onde correm informações vindas de vários pontos, o receptáculo que agrega o conjunto das partes de um todo, que coordenados entre si funcionam como uma estrutura organizada e trocam informações, experiências e habilidades com o exterior, o “lado de fora”, ou seja, o ambiente. Sendo uma corrida ou um espetáculo este recipiente, ele apresenta o estado de fase em que se encontra aquele sistema, que pode compreender séries ou ciclos de modificações em qualquer estágio ou etapa de sua evolução.

O presente trabalho procurou investigar algumas possíveis relações entre este novo paradigma chamado de embodied cognitive science e o objeto artístico, buscando o entendimento de como ocorre a interação entre tais conceitos e a dança, examinando possibilidades de relações entre os conhecimentos artísticos e científicos por acreditar serem sutis as interfaces entre estas duas áreas de conhecimento. Assumindo o pressuposto no qual corpo/mente são vistos como contínuo, em que se pode compreender o mundo por meio de metáforas construídas com base nas experiências corporais, e tendo o conceito de metáfora como um mecanismo fundamental para a compreensão das experiências artísticas.

Nota

1 Uma longa tradição em filosofia afirmou com segurança que a mente deveria ser uma entidade não corporal, constituída como uma substância mental. Esta tese compõe a base do pensamento filosófico ocidental e é conhecida como dualismo cartesiano. Cartesiano por ter sido proposta por René Descartes, e dualista por propor duas substâncias para explicar os eventos no mundo: a mental e a física/ material.

Bibliografia

DAMASIO, Antonio. O erro de Descartes. São Paulo: Cia das Letras, 1994.

DUPUY, Jean-Pierre. Nas origens das ciências cognitivas. São Paulo: UNESP,1995.

JOHNSON, Mark. Embodied Reason. In Weiss & Haber (orgs) Perspectives on Embodiment – The Intersections of nature and culture. New York: Routledge, 1999, 79-102.

LAKOFF, George. JOHNSON, Mark. Philosophy in the Flesh – The Embodied Mind and its Challenge to Western Thought. New York: Basic Books, 1999.

LAKOFF, George. JOHNSON, Mark. Metáforas da vida cotidiana. São Paulo: EDUC, 2002.

QUEIROZ, João. Considerations on Lakoff & Johnson approach to embodied cognitive science – Philosophy in the Flesh: Embodied Mind and it’s Challenge to Western Thought. 2001. Galáxia 1:1, 227-230. (In: Brain & Mind: Eletronic Journal of Neuroscience). Disponível on line em http:// www.epub.org.br/cm/home_i.htm. Acessado em 2004.)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Zdzislaw Beksinski

Zdzisław Beksiński (24 de fevereiro de 1929 – 21 de fevereiro de 2005) foi um renomado pintor, fotógrafo e artista fantástico polonês

Beksiński produzia suas pinturas e desenhos em um estilo que ele chamava ora de "Barroco", ora de "Gótico". O primeiro era dominado pela representação, com os exemplos mais conhecidos advindos de seu período de "realismo fantástico", em que ele pintava imagens perturbadoras de ambientes surrealísticos e atemorizantes. O segundo estilo é mais abstrato, sendo dominado pela forma e tipificado pelas últimas pinturas do artista.

Beksiński morreu assassinado em 2005, aos 75 anos de idade

terça-feira, 15 de novembro de 2011

CAFÉ FILOSÓFICO - A ALEGRIA E O TRÁGICO EM NIETZSCHE

E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e seqüência – e do mesmo modo esta aranha e esta luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!” – Não se lançaria ao chão e rangerias os dentes e amaldiçarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: “Tú es um deus, e nunca ouvi nada mais divino! Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse; a pergunta, diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes?” pensaria como o mais pesado dos pesos sobre teu agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação de chancela? - -

Friedrich Nietzsche (1844-1900)

OBRAS INCOMPLETAS – Página 208
Seleção de textos de Gérald Lebrun
Tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho
Abril Cultura, 1983
Os Pensadores

terça-feira, 1 de novembro de 2011

As idéias que dançam: o teatro de Artaud e a dança Butoh - José Carlos Araújo Jr.

“Compartilho esse texto que a Rosemeri Rocha, docente da FAP, me indicou. Surpreendeu-me como possui relação com o meu  solo.” Yiuki

Antonin ArtaudO equilíbrio de uma linguagem verbal e sua significação é incapaz de transmitir aos sentidos a vertigem obscura e vigorosa de um corpo que dança. A fixidez, a impotência e o peso da palavra paralisam os movimentos e silenciam os gestos. Já o dançarino salta os limites do verbo, e se lança no fluxo vital de constante mudança. Ele tem os ouvidos nos pés em contato com a terra, que contagia e faz vibrar o corpo todo. A dança vai abalar a inércia imposta pelas palavras e romper com a linguagem do verbo. É o gesto que foge ao alcance das sílabas da razão.

A arte e a literatura moderna vão buscar esse rompimento com o império da palavra. Antonin Artaud (1896-1948), numa tentativa radical e dilacerante experimentou uma linguagem para além da fala articulada. No seu horizonte estava a idéia que dança. Esse pensamento que vibra em seu teatro alquímico terá ressonância no oriente. A dança japonesa Butoh, na década de 60, vai ser afetada pelos ensinamentos e inquietações do criador do Teatro da Crueldade. Num dos textos do livro O Teatro e seu Duplo, Artaud faz uma reflexão comparativa entre o teatro ocidental e o teatro oriental. Enquanto naquele o texto e o diálogo predominam, neste há uma expansão experimental física e corpórea, onde a precisão da palavra é prescindível, dando lugar a uma idéia sísmica que desloca-se com o corpo.

Ideogramas animados encantam e abalam através de signos, uma idéia plástica de fissuras que cintilam e sugerem o contato direto com o desconhecido e o abissal. A linguagem cifrada e elástica atinge os espaços inimagináveis do pensamento e do espírito, e para além deles. Num teatro subordinado à palavra tem-se um jogo psicológico cotidiano envolvido, um enredo que deposita todo seu peso sobre a inércia experimental da platéia. Artaud pensa para além da psicologia no teatro e deseja a cena envolvendo o público numa atmosfera pelo avesso, vertigem crescente, semelhante ao transe xamânico. Obcecado por essa idéia de esquecimento de si e pelo processo de desindividualização ele parte, em 1936, para o México, disposto a estudar a cultura pré-colombiana e a participar do culto do peiote, junto aos índios Taraumaras.

Na dança do peiote, o Rito é executado num círculo. Ali, o delírio da planta jorra para fora do corpo através do frenesi dos movimentos. Labaredas, como línguas de fogo, agitam as sombras dos corpos em transe. Vibra a terra calcada pelos pés nus dos Taraumaras. Faz-se o contato violento com o universo e com o imemorial através do rito. Convulsão dos pés, delírio dos músculos, contração das vísceras, escarro do peiote nas covas abertas no chão. Força que jorra o vômito da planta de volta à terra.

É com os Taraumaras que vive um ritual de rompimento com a palavra. O verbo é o fardo, a ausência de leveza, que torna o corpo incapaz de dançar. Pode-se estabelecer certas correspondências entre essa experiência xâmanica e o teatro oriental. Nessas expressões do corpo e da terra a pluralidade de sentidos se impõe sobre a relação de causa e efeito. Há uma explosão do significado, não existe o entendimento único, absoluto, verdadeiro. "No teatro oriental – reconhece Artaud – as formas apoderam-se de seu sentido e de suas significações em todos os planos possíveis; ou, se quisermos, suas conseqüências vibratórias não são tiradas num único plano, mas em todos os planos do espírito ao mesmo tempo". Artaud deseja uma encenação sob um ângulo de magia e de bruxaria, uma poesia intensa no espaço: "(…) o autor que usa exclusivamente palavras escritas não tem o que fazer e deve ceder o lugar a especialistas dessa bruxaria objetiva e animada". Poesia xamânica que desemboca nos Taraumaras e no Oriente.

Ludwig Zeller (collage)Dançarinos japoneses do Butoh vão enveredar por caminhos bem próximos da poética de Artaud. Como afirma Tatsumi Hijikata, um dos principais criadores da dança moderna japonesa: "As origens do Butoh estão em uma terra selvagem habitada por espíritos elementares que a mente racional não pode alcançar." Elaborado por Hijikata, o termo era Ankoku Butoh. Ankoku: trevas, obscuridade; Bu: idéia de evocação das danças xamânicas, o vapor do transe que exala o movimento vibratório, a entrada no sobrenatural; Toh: ato de pisotear e golpear a terra, abalar e sacudir o mundo, atraindo para si as forças da terra, convergindo sob as plantas dos pés. A evocação dos saberes obscuros à razão, a aliança com as forças da terra, o transe, o rito são elos que reforçam os laços entre os indígenas mexicanos, o teatro artaudiano e a dança japonesa.

Nos anos 60, ainda com as cicatrizes abertas pela derrota na guerra, os artistas japoneses vão repensar a sabedoria da tradição. Leram os autores malditos do ocidente, Sade, Jean Genet, Lautréamont, inspiravam-se no Dadá, no Surrealismo, no expressionismo alemão, buscando pensar o impensável e expressar o que não tem expressão. As aproximações entre escritores considerados malditos e as idéias da dança Butoh resultaram em encenações. Em 1984, Hijikata coreografou para Min Tanaka Ren-ai Butoh-ha Teiso: Foundation of Dance of Love, ao som da peça radiofônica Para acabar de vez com o juízo de Deus, escrita por Artaud, que inclusive alude aos Taraumaras em determinadas partes do texto. Em 1960, foi encenada Notre-Dame des Fleurs, de Jean Genet.

Assim, como Artaud vê nos Taraumaras um povo cuja terra "(…) está cheia de sinais, formas, efígies da Natureza que de forma alguma parecem nascidos do acaso (…)", a dança Butoh é repleta de signos, mitos e metáforas. Hijikata preocupava-se com movimentos que brotassem naturalmente do corpo. Não a mímica exata da flor ou do vento, mas, antes, que emergissem diretamente do corpo, não pedindo licença para nascer, para vir à superfície. Assim ensinava outro mestre do Butoh, Kazuo Ohno. O corpo da galinha decapitada que salta e se debate mesmo após a morte; músculos tensos em espasmos de expressão. Eis um gesto que grita em silêncio, que sopra pelos poros do corpo a idéia da dança Butoh. Mais do que técnica, o risco e o improviso.

A Androginia

Kazuo OhnoÉ possível imaginar a androginia como um outro ponto de confluência entre o teatro de Artaud e a dança Butoh. As polaridades, as oposições, os contrários reúnem-se num só corpo. A força centrípeta que age no interior do corpo que dança – embaralhando as polaridades – faz explodir a arte em movimento. Ambigüidade que se multiplica em esgares, numa miríade expressiva. Poeta-dançarino cuja paisagem interior escorre por fora do corpo.

Kazuo Ohno explora as faces do ambíguo, fazendo com que os disparates se reconheçam. A idéia de despolarizar-se está no centro da estética do Butoh, vivido por Ohno, como comenta a pesquisadora Maura Baiocchi: "(…) Suas ‘self-personagens’ são atemporais e despolarizadas. Sintetizam de uma só vez a criança e o velho, o elemento masculino e o feminino, a treva e a luz, dor e prazer, o feio e o belo, vida e morte". Só através dessa ligação de idéias antípodas é que se torna possível adentrar na pluralidade dos sentidos, exercício do "sair-de-si". O corpo sensorial pode então embrenhar-se no oculto e perder a identidade nas múltiplas possibilidades que excitam a própria idéia de loucura. Neutro ativo numa fuga de si mesmo, o mais longe possível do eu narcísico, pois a cada salto nômade despersonaliza-se e deixa para trás mais um pedaço de auto-reconhecimento. Estratégia andrógina, a unidade-plural explode em unívoco. Testículo e Ovário, Androceu e Gineceu se auto-fecundam, engravidando o próprio corpo de gesto artístico, de estética imprecisa.

Forças opostas chocam-se numa unidade também na obra de Artaud, mais claramente em três de seus escritos. Primeiro em Heliogábalo, livro em que ele narra a história de um imperador de origem síria que rompe com os costumes de Roma. Heliogábalo introduziu o culto monoteísta de Elagabalus, o deus-Sol que elimina as contradições. Homem e Mulher estão reunidos neste imperador adolescente que, através da anarquia, lança sua poesia desconexa na moralidade romana.

Ludwig Zeller (collage)Já no texto "Um atletismo afetivo", de O Teatro e seu Duplo, Artaud baseia-se em teorias da Cabala para elaborar uma técnica de respiração dividida em seis modalidades. Os princípios utilizados são o Macho (Expansivo-Positivo), a Fêmea (Atrativo-Negativo) e o Andrógino (Equilibrado-Neutro). Através da combinação e treinamento dessas formas de respiração, penetrar-se-á no sentimento, alimentando a vida com um atletismo do corpo e da alma. Combinação simultânea entre o vigor transpirante do Atleta e a força implosiva do Ator, músculo do espírito, coração que pulsa em atividade. Nos Taraumaras, a androginia é entendida como energia no interior de sua raça. O equilíbrio Macho/Fêmea da Natureza na filosofia taraumara é simbolizada nas faixas de cor branca (masculino) e vermelha (feminino). Ora usam uma cor, ora outra, significando o equilíbrio dessas duas forças opostas.

A identidade é apenas momentânea nesse lançar-se no abismo da multiplicidade que reside no ser. O florescimento da arte faz-se no acirramento das contradições suportadas no corpo e no espírito, na diluição da fronteira que impede o contato direto entre dois extremos. Diluição das fronteiras, não dos opostos, extinguindo-se na unidade. Pois a ambigüidade conserva, num só corpo, a permanência da guerra plural. Neste sentido, não há uma síntese pacífica de um conflito gerado, mas sim um equilíbrio-desequilibrante que incita o corpo a tornar-se a própria dança espontânea. Terra e água, contrários se chocam e vertem a lama devorada pela raiz hermafrodita do peiote. É o Barro onde nasce a dança de Hijikata e onde os Taraumaras afundam os calcanhares com vigor.

Encontro de duas naturezas, portanto, a androginia despolariza-se na singularidade, ao mesmo tempo que mantém suas facetas divergentes. Aspecto ambíguo que agride a intenção de territorializar, pois flutua insondável. Neutro que não é inativo, mas força que afirma, que escapa às definições através do anonimato e transgride os limites dos contrários. Corpo andrógino que dança e blasfema.

Veredas sem rastros do rompimento da linguagem através dos movimentos do poeta-dançarino. A experimentação e o exercício alquímico de uma expressão ativa, ardente e xamânica em Artaud, passa pelo "corpo-morto" do Butoh. Vida e Morte alimentam-se mutuamente, modelando a argila que dá forma ao gesto.

José Carlos Araújo Jr. (Paraná, 1980). Responsável pela montagem da peça radiofônica Para acabar de vez com o juízo de Deus, de Antonin Artaud, veiculada à Rádio Universidade FM (UEL, Londrina), uma realização do grupo Íncubo Súcubo. Contato: zlaba@onda.com.br. Página ilustrada com obras do artista Ludwig Zeller (Chile).

 

Texto copiado do site: http://www.revista.agulha.nom.br/ag18araujo.htm

sábado, 29 de outubro de 2011

Processo 040

Os dois dias de apresentação da Mostra Final na Casa Hoffmann foi ótimo. Tive muito mais clareza da obra e fiquei contente pelo resultado da mostra.

No inicio da pesquisa, lembro da Olga Nenevê dizendo que enquanto criadores evocamos legião de EUs. Na verdade, ao longo do processo descobri que evocamos legião de YIUKIs, CINTIAs, AILTONs, EDITHs, OLGAs, MITYKOs, AMIGOs, COLEGAs, etc. Sei, existe o filtro do olhar suspenso para com a necessidade da OBRA. Mas percebo que cheguei no resultado satisfatório graça a todos. Muito obrigado a todos que contribuiram na construção do trabalho.

Yiuki Doi 

Vozes do Outono: 26 e 27 de Outubro de 2011 na Casa Hoffmann, Curitiba – Brasil

Mostra Final do Edital de Pesquisa em Dança da Fundação Cultural de Curitiba 2011

  • Data: 26 e 27 de Outubro de 2011 (4ª e 5ª feira)
  • Horário: 19h
  • Local: Casa Hoffmann - Centro de Estudos do Movimento
    Rua Claudino dos Santos, 58 - Largo da Ordem
    Curitiba, Paraná – Brasil
    (41) 3321-3228
  • Entrada: Gratuita

DANCON - Liga cultural de dança<br />Camaleões: Festa contemporânea , Clênio Magalhães + Foto Persona BH<br />©netun lima/Divulgação

Foto: Netum Lima (ww.netun.com.br)


Vozes do Outono: O que é paz de espírito? Para que serve o inverno? O que é viver intensamente o outono? O solo "Vozes do Outono" procura oferecer imagens poéticas que se transformam em reflexões dentro de uma dança efêmera como a nossa vida.

Interprete criador: Yiuki Doi
Orientação: Cíntia Napoli, Olga Nenevê e Ailton Galvão

Projeto aprovado no EDITAL DE PESQUISA EM DANÇA (Edital 265/10) da Casa Hoffmann Centro de Estudo do Movimento pela Fundação Cultural de Curitiba.

“Vozes do Outono” no DANCON Liga Cultural de Dança: 27 de Set. de 2011

maiores informações: http://ligadancon.wordpress.com/

DANCON Liga Cultural de Dança:

  • 17 a 20 de setembro 2011: Governador Varadares – MG
  • 23 a 27 de setembro 2011: Belo Horizonte – MG

O projeto DANCON Liga Cultural de Dança a ser realizado em 2011 nas cidades de Governador Valadares e Belo Horizonte (MG) é uma atividade coletiva, composta por renomados artistas, instituições públicas e privadas interessados em trocar experiências e contribuir com o desenvolvimento da Dança Contemporânea realizada no interior do país. O projeto tem como meta proporcionar às comunidades interioranas um encontro com artistas de várias partes do Brasil e do mundo, trazendo conhecimento sobre a carreira profissional em Dança Contemporânea por meio de atividades de formação, intercâmbio e reflexão. Através de workshops, apresentações e conversas públicas, o Projeto DANCON Liga Cultural de Dança pretende gerar conhecimentos específicos em Dança Contemporânea nos âmbitos conceitual, estético e mercadológico, para Dançarinos, coreógrafos, professores e toda comunidade artística envolvida.

Liga = Associação de indivíduos ou de grupos ou partidos para defesa de interesses comuns, ou para alcançar determinados fins, de ordem social, política, filantrópica, Cultural, etc. (Aurélio)

Esta Liga pode alavancar uma série de outros segmentos artísticos contemporâneos que podem inserir a Dança Contemporânea produzida no interior no circuito cultural nacional e internacional.

Em 2011 a liga será formada por AKI KATAI (Japão), ARTMACADAM (França), CIBELE MAIA (Belo Horizonte MG), C. I. CÊNICA (Belém - PA), CLÊNIO MAGALHÃES (Governador Valadares - MG), EDU O. (Salvador BA), FAFÁ DALTRO (Salvador - BA), HIBRIDUS (Ipatinga - MG), TAMAKI YONEKURA (Japão), THIAGO ALIXANDRE (Votorantim - SP), VANILTON LAKKA (Uberlândia - MG), YIUKI DOI (desCompanhia de dança, Curitiba - PR).

Em Governador Valadares as atividades ocorrerão do 17 a 20 de setembro na concha acústica da Praça dos Pioneiros e em Belo Horizonte do dia 23 no Restaurante Popular do Barreiro e 23 a 27 de setembro no Espaço 104.

APRESENTAÇÃO do solo da desCompanhia:
27 de Setembro 2011 às 20:30

VOZES DO OUTONO: Entende-se que para vivermos bem precisamos compreender a morte. O Outono é o preparo para a chegada do Inverno. O solo “Vozes do Outono” fala dos questionamentos que surgem nesse momento: O que é paz de espírito? É possível sentir intensamente o Outono? Para que serve o Inverno? Essas perguntas são dadas ao público por meio de ‘Haikais’ dançantes. São imagens cênicas contemplativas, que podem vir a ser reflexões. Em busca dessas metáforas, o solo transita na tênue diferença entre gesto, símbolo, teatro e dança. Apesar disso, essas diferenças pouco importam em cena, pois os contornos entre elas desaparecem transformando-se apenas em imagens poéticas dentro de uma atmosfera cênica etérea. Inspirando-se no ‘Haikai’, a obra não procura dar respostas ao público, pois cada espectador precisa buscá-las dentro de si mesmo. Assim, as perguntas poéticas precisam ser correspondidas com imagens poéticas pessoais. O solo “Vozes do Outono” é um trabalho que explora a natureza efêmera da dança numa metalinguagem própria à Vida.
Interprete criador: Yiuki Doi
Orientação: Ailton Galvão, Cíntia Napoli e Olga Nenevê.

OFICINA proposta pelo Yiuki Doi:
27 de Setembro 2011, das 14h às 16h

A PERCEPÇÃO DO PONTO E SUAS REVERBERAÇÕES NO CORPO: A oficina usará a imaginação do ponto e suas reverberações no corpo do bailarino. Dentro da consciência corporal, assim como na geometria euclidiana, existe um grau de complexidade crescente que é ponto, linha, superfície e volume. Esta oficina buscará por meio do "ponto" um trabalho de aterramento, respiração, olhar, dissociação do movimento e contato improvisação. São apenas ferramentas brincantes que podem auxiliar na propriocepção do bailarino.

PATROCÍNIO: APOIO:

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Workshops

A imaginação do ponto e sua reverberação no corpo:

  • Público: para quem já possui experiência no estudo do movimento
  • Conteúdo: A oficina usará a imaginação do ponto e suas reverberações no corpo do bailarino. Dentro da consciência corporal, assim como na geometria euclidiana, existe um grau de complexidade de entendimento crescente que é ponto, linha, superfície e volume. Esta oficina buscará por meio do "ponto" um trabalho de aterramento, respiração, olhar, dissociação do movimento e contato improvisação. São apenas ferramentas brincantes que podem auxiliar na propriocepção do bailarino.
  • Carga horária: Mínimo de duas horas.

Oficina de contato improvisação:

  • Contato Improvisação: É um diálogo corporal de duas ou mais pessoas por meio do vocabulário sensorial composto de toque, peso e pressão. É a aceitação do outro e de si na construção de uma dança única no presente. A técnica nasceu nos EUA no início da década de 70 com Steve Paxton e é associada ao movimento de contra-cultura por ser uma dança igualitária e democrática. Atualmente é praticada no mundo inteiro por ser uma excelente técnica de consciência corporal sem barreiras físicas e culturais. Para maior informação sobre essa técnica, favor clicar aqui
  • Público: Público geral
  • Conteúdo: Introdução ao contato improvisação com princípios básicos de toque, peso, escuta e aterramento. 
  • Carga horária: Mínimo de duas horas.

Contato:

Artista Criador:

Yiuki Doi  

Yiuki Doi
e-mail:
youcandance@hotmail.com.br
Facebook: Yiuki Doi
Skype: youcadance_br
Tel: 41 9213-7938

     
Realização e Suporte:    

desCompanhia de dança

 

desCompanhia de dança
Site: descompanhia.blogspot.com.br/
e-mail: descompanhiadedança@gmail.com
Tel: +55 41 3233 8034
Skype: descompanhia
Sede: Vila Arte Espaço de dança
http://www.vilaartedanca.com.br
R. Saldanha Marinho, 76 - Sala 3
Centro, Curitiba, Paraná, Brasil
CEP 80.410-150

Fotos: Vozes do Outono

Fotos de Netum Lima e Guilherme Melnik

Feedbacks / Impressões

Qualquer impressão, por favor, enviar no e-mail vozesdooutono2011@gmail.com ou deixar comentários neste post.
É muito importante para nós artistas recebermos o feedbacks a fim de dar continuidade na pesquisa.
Abaixo deixo registrado os carinhos e afetos das pessoas.

Muito obrigado por tudo.

Yiuki Doi

 

 

 

 

Dança Performativa no MON com a curadoria de Rosemeri Rocha: 04 de Dezembro de 2011

  • 04/12/2011: Alessandra Lange (Facebook): vc me emociona com sua sensibilidade e entrega. foi muito bom ter compartilhado este momento hj com vc.um beijo grande
  • 07/12/2011: Thiago Domini (Facebook): adorei seu trabalho.

 

Mostra final da pesquisa em dança da Casa Hoffmann: 26 e 27 de Outubro de 2011:

  • 10/12/2011: Rose Maria Silva (e-mail):… Eu fiquei ali contigo todo o tempo, vendo os lindos desenhos que o seu corpo produzia como pintura sobre aqueles confetes, é como se a gente estivesse dentro de você e todas aquelas cores e sons nos movessem juntos, nós e você... num jeito maluco de perceber a grandeza da vida através da morte, pois é preciso morrer um pouquinho para permitir que os outros estejam dentro da gente, ou para entrar dentro dos outros sem invadir, e ficar ali sentado junto num cantinho bem quente do coração... sinto sua dança assim, e levo ela guardada num cantinho bem quentinho do meu coração...
  • 01/11/2011: Ca Amatti (e-mail): … Era como se cada movimento suscitasse uma imagem poética, tornando-se imediatamente um poema…
  • 30/10/2011: Cleber P. Borges (e-mail): Simplesmente adorável e poético. Vozes do Outono fez-me sorrir, viajar, imaginar e vibrar.
  • 29/10/2011: Anderson Lee (facebook): rapaiz, muito lindo, gostei mesmo!!! Parabéns pelo trabalho! … foi a primeira vez que assisti uma apresentação de dança e adorei, dá até vontade de dançar tb hahahha qdo tiver de novo me avise, ok? abraços
  • 29/10/2011: Marcio Baraco (retirado do texto A PLATEIA E O PALCO): Vozes do Outono tem como palco um espaço coberto de confetes. E a plateia está sentada em cadeiras circundando esse espaço, e o confete vai até o pé dessa cadeira, e para chegar até essa cadeira você tem que pisar o confete e a sensação é a de pisar num palco, esse arriscado de pisar num palco, mas acho sutil, e durante a apresentação voa um pouco de confete nas pessoas, e depois da apresentação várias pessoas se jogaram no confete e acabou acontecendo uma certa guerra de confetes e acho que todos nós que estávamos ali naquele dia vamos passar um tempo achando confetes nas roupas, e no meio daquela bagunça me perguntei se aquelas pessoas estavam no palco ou fora dele, e onde quer que elas estavam não era com desconforto, era com uma brincadeira que, acho, está bem perto dessa abertura para a vida que é (uma das) parte da arte. E, putz, o bailarino é japonês e acho que é literalmente impossível entender o que passa na cabeça dele, mas ele tentou o impossível e, acho, chegou tão perto que foi lindo.
  • 28/10/2011: André Ricardo (facebook):
    ESSE CARA É MUUUUUUUIIIITOOOOO FOOOOOOODAAAAAAAAAAAAA!!!!!!
    VC FALA COM O CORPO!!!!!! O QUE É ISSO, MANINHO?!?!?
    O QUE FOI AQUELA APRESENTAÇÃO HOJE?!?!?!?
    EMOCIONEI-ME, VIAJEI, SUMI DALI POR UNS MOMENTOS....
    INCRÍVEL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
  • 26/10/2011: Leila Cruz Vieira (facebook): Fazer dança contemporanea é muito difícil. O limite entre o banal incompreensível, exagerado, apelativo e o emprego da técnica para transmitir a mensagem proposta é muito tenue. O espetáculo "Vozes do Outono" de autoria e intepretação de Yuki Doi é um exemplo de pesquisa, emprego de tecnica, sentimentos e emoções, inteiramente vinculado à proposta. Recomendo a todos. Amanhã na Casa Hoffmann, a partir das 19:30 hs.

     

     

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Processo 039

Enfim hoje é a mostra final da Casa Hoffmann onde apresentarei a pesquisa. Apesar de chamar de pesquisa, preciso chamar de solo de dança em respeito a todos que contribuiram na construção dele nesses seis meses. Ainda possuo vários feedbacks dos orientadores, da dramaturga, iluminadora e musicista que precisarei colocar em prática na hora da apresentação. Preciso mentalizar todos eles agora de manhã, de tarde será somente aquecimento, relaxamento e concentração. Fico com frío na barriga, pois meio da correria a luz foi elaborada de forma improvisada e também não tive ensaio geral com ela (afinal a bolsa residência não oferece verba suficiente para a produção). Mas tudo bem, "estamos onde devemos estar, e faremos o que temos que fazer" (Portões de Fogo - Steven Pressefield). Vamos que vamos.

P.S. Deu para fazer a passagem de luz antes.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Vozes do Outono: 26 e 27 de Outubro de 2011 na Casa Hoffmann, Curitiba – Brasil

desCompanhia de dança: Mostra final da pesquisa do solo “Vozes do Outono” do Edital de Pesquisa em Dança da Fundação Cultural de Curitiba 2011

  • Data: 26 e 27 de Outubro de 2011 (4ª e 5ª feira)
  • Horário: 19h
  • Local: Casa Hoffmann - Centro de Estudos do Movimento
    Rua Claudino dos Santos, 58 - Largo da Ordem
    Curitiba, Paraná – Brasil
    (41) 3321-3228
  • Entrada: Gratuita

DANCON - Liga cultural de dança<br />Camaleões: Festa contemporânea , Clênio Magalhães + Foto Persona BH<br />©netun lima/Divulgação

Foto: Netum Lima (ww.netun.com.br)


Vozes do Outono: O que é paz de espírito? Para que serve o inverno? O que é sentir intensamente o outono? O solo "Vozes do Outono" procura oferecer imagens poéticas que se transformam em reflexões dentro de uma dança efêmera como a nossa vida.

Interprete criador: Yiuki Doi
Orientação: Cíntia Napoli, Olga Nenevê e Ailton Galvão

Projeto aprovado no EDITAL DE PESQUISA EM DANÇA (Edital 265/10) da Casa Hoffmann Centro de Estudo do Movimento pela Fundação Cultural de Curitiba.

sábado, 1 de outubro de 2011

4ª e 5ª Mostras Públicas do Edital de Pesquisa em Dança

O Edital de Pesquisa em Dança para bolsistas residentes e de estruturação coreográfica tem o objetivo de apoiar financeiramente projetos de pesquisa e de criação na área da dança. Durante o ano todo, os bolsistas se dedicam ao desenvolvimento dos seus projetos, além de participar das oficinas, workshops, debates e orientações com profissionais convidados. Em outubro, serão realizadas as 4ª e 5ª mostras de 2011, nas quais o público poderá apreciar as criações destes artistas.

LOCAL:

Casa Hoffmann
Rua Claudino dos Santos, 58 – Centro
Curitiba, Paraná - Brasil
Informações: (41) 3321-3228
dança@fcc.pr.gov.br

 

07 e 08 de Outubro (sexta-feira e sábado, ingresso gratuíto)

  • 19h
    - “Vocabulário Ilustrado” de Patrícia Machado
    - “Diários” de Eduardo Simões
    Classificação: 12 anos
  • 20h
    - “Pedaços de carne não solúveis em água” de Gabriel Machado
    Classificação: 18 anos

 

14 de Outubro (sexta-feira, ingresso gratuíto)

  • 19h
    - “O Corpo em Prontidão: Um convite à escuta” de Ludmila Veloso
    - “Corpos Espetaculares” de Camila Jorge
    - “Corpo Imaginado” de Danilo Silveira
    Classificação: 12 anos

 

15 de Outubro (sábado, ingresso gratuíto)

  • 19h
    - “O Corpo em Prontidão: Um convite à escuta” de Ludmila Veloso
    - “Corpos Espetaculares” de Camila Jorge
    - “Diários” de Eduardo Simões
    -“Corpo Imaginado” de Danilo Silveira
    Classificação: 12 anos

 

21 e 22 de Outubro (sexta-feira e sábado, ingresso gratuíto)

  • 19h
    - “Mostra-me suas miudezas” de Mariana Mello
    - “Vendo uma Benção” de Reinaldo Pereira
    - “Objeto Cênico e a Dança Contemporânea” de Raphael Novais
    - “Paisagem de Gesto e Voz” de Maikon Kempinski
    Classificação: 12 anos

 

26 e 27 de Outubro (quarta-feira e quinta-feira, ingresso gratuíto)

  • 19h
    - “Olhar sem Ver” de Michelle Lomba
    - “Vozes de Outono” de Yuki Doi
    Classificação: 12 anos

 

Exposição Permanente (2ª a 6ª feira, 9h às 12h e 14h às 18h, ingresso gratuíto)

Fotografias do acervo da coordenação de dança da Fundação Cultural de Curitiba revelam a história desta linguagem artística na Casa Hoffmann entre os anos de 2006 e 2010.

Casa Hoffmann
Rua Claudino dos Santos, 58 – Centro
Informações: (41) 3321-3228
dança@fcc.pr.gov.br

Estreia do Vozes do Outono no DANCON liga cultural de dança 2011 em Belo Horizonte

O solo estreiou no dia 27 de setembro no DANCON liga cultural de dança 2011. A seguir algumas fotos que o fotografo Netun Lima tirou do evento.

Processo 038

O mês de setembro por causa dos compromisso de viagem para Alemanha trabalhei pouco no solo. Percebi que é ótimo afastar um pouco do processo de criação. Quando voltei da viagem no dia 21 de Setembro, retomei ele para fazer os ajustes para ser estreiado em Belo Horizonte no dia 27 de setembro de 2011 no evento DANCON liga cultural de dança 2011. Acabei optando por usar somente o som da água como ambiente sonoro. Foi ótimo a apresentação, mas sempre fico com a sensação de que poderia ser melhor. Depois de tanto tempo, estreiei o trabalho antes do cronograma da Casa Hoffmann Centro de Estudo do Movimento. A mostra final do meu solo em Curitiba na Casa Hoffmann será no dia 26 e 27 de Outubro (maiores detalhes clicar aqui). Tenho ainda quase um mês para fazer os ajustes com calma.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Processo 037

Semana passada  ensaiei com a musica Profudenzas de Eduardo Agni e Transitory Life da Laurie Anderson. Estou com duvidas, se uso músicas no meu solo ou deixo sem, mantendo apenas o som das gotas de aguas no final. No demais, entendi que preciso ficar ensaiando com os elementos  cênicos para conseguir compreender melhor a minha relação com eles e entre eles.

Tales de Mileto – Arkhé

Tales de Mileto (624-546 a.C.) destacou-se por ser o primeiro filósofo a propor o princípio construtivo de todas as coisas: a água.

Para Tales, a água não é apenas o princípio constitutivo de todas as coisas, mas aquilo que persiste quando tudo o mais é gerado, alterado ou destruído.

Exemplo: Se uma planta nasce, se desenvolve e morre, é porque a água está presente na mesma – em cada uma das suas etapas de existência. Quando a planta deixar de existir, a água ainda persistirá existente, como elemento primordial.

 

ARKHÉ: significa princípio constitutivo, fundamental, primordial, em função do qual as coisas dependem para existirem. Neste sentido, arkhé representa a origem do que existe assim como aquilo que persiste como existente durante e após os processos de geração, alteração ou destuição das coisas. Assim, o arkhé se refere ao fundamento comum que faz parte de tudo o que existe. Os filósofos pré-socráticos diferenciam-se, grosso modo, por adotar um arkhé específico.

PHYSIS: significa Física no sentido amplo – não no sentido da ciência homônaima, hodierna e específica – mas de escopo máximo que circunscreve todas as coisas que existem. Ainda, a physis se refere aos seres existentes e também a todos os processos pelos quais os seres são submetidos, tais como geração, alteração e destruição. A acepção de physis é tão radical que apanha, inclusive, os existentes e sutis processos mentaisa – tais como pensamentos, consciência, etc. – tão peculiares à alma humana. Todos os filósofos pré-socráticos, sem exceção, desenvolvem suas investigações consmológicas, admintindo este plano fundo comum: a physis.

 

LD Ontologia I, UNISUL, p.30, 2011:

Devir

LD Ontologia I, UNISUL, p.34, 2011:

O devir constitui-se ona mudança da coisa, do ser. Devir também expressa que as etapas de mudança do ser – de geração, alteração e destruição – ocorrem conforme uma ordem, um processo, continuamente.

 

Devir

DICIONARÍO HOUASS:

Datação
sXIII cf. IVPM
Acepções
■ verbo
intransitivo
1 vir a ser; tornar-se, transformar-se, devenir
■ substantivo masculino
Rubrica: filosofia.
2 fluxo permanente, movimento ininterrupto, atuante como uma lei geral do universo, que dissolve, cria e transforma todas as realidades existentes; devenir, vir-a-ser
Etimologia
lat. deveníre 'chegar a, tornar-se', acp. de fil do fr. devenir 'tornar-se, começar a ser o que não era antes'; ver -vir; f.hist. sXIII deueere

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Processo 036

Hoje tive ensaio com a orientação com o Ailto Galvão. Ficou marcante na conversa que é importante o  O QUE e o PORQUE, mas que muitas vezes no ato perfomático o que faz a diferença é o COMO. Isso na questão de não antecipar as coisas e vivênciar cada instante. Preciso estar mais presentificado na ação no meu solo. Muitas vezes o público quer sentir o COMO, o O QUE e o PORQUE são consequências dentro de uma naturalidade.

Processo 035: Não ser narrativo no meu solo

Não é narrativo, mas existem sensações que precisam ser compartilhadas. Cintia Napoli

Necessidade

Existe trabalho que existe urgência de acontecer. Andréa Lerner.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Processo 034: Licença para a fantasia

Talvez preciso reforçar a fantasia para pedir licença na divagação, imaginação e no surrealismo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

domingo, 21 de agosto de 2011

Música pesquisada pela Edith de Camargo para o solo: Transitory Life, Laurie Anderson

Processo 033: 2ª Mostra e sobre feedbacks

Essa semana teve a 2ª Mostra da Casa Hoffmann. Apresentei o que venho pesquisando, com figurino e os confetes do cenário. Hoje vejo claramente que estava meio confuso de COMO fazer a relação  entre os elementos cênicos e comigo (camisa de manga complida, confete,  mar, gota de água). Também tive receio de ser dramático ou didático demais… Não consigo entender o limiar da dança na questão narrativa, gestual e virtuosismo. Enfim, o fato de inserir elementos cênicos fez ficar confuso a temática da obra, pois ainda não tenho familiaridade com eles (no trabalho busco dizer que viver é uma constante tensão entre a morte e a vida, a morte faz parte da vida). Talvez colocar o confete e a camisa nesse contexto seja um crichê, ou abstrato demais. Mas insisto nisso, pois sinto um potencial neles e de certa forma quero uma obra que seja facil de circular entre cidades do interior levando magia cênica em lugares mais simples como escolas, igrejas, associações, etc. (sem precisar de uma estrutura de teatro tradicional com iluminação e palco italiano). Lógico que procuro transcender o significado dos elementos cênicos para que eles não sejam meros enfeites em cena. Bom, o fato é que na mostra não consegui a expressividade almejada, nem trazer a temática ao público como tinha me proposto. O momento do feedback foi díficil.  Não porque as opiniões foram negativas, isso é de menos. Também não fiquei chatiado porque não recebi elogios. Somente fiquei abalado porque achei que tinha falhado naquilo que determinei a realizar –  uma sensação de dever não cumprido por ignorância e/ou falta de escuta. Depois, o mais complicado era entender o meu papel dentro do bate-papo. Descobri que algumas pessoas acharam que estava na defensiva, me desculpando. A questão não era isso, estava tentando explicar como foi o processo, para entender melhor o que aconteceu. Afinal, sendo uma mostra de pesquisa achei que era necessario falar sobre isso. No entanto, hoje descubri que não é esse meu lugar naquele momento. Não preciso falar, explicar, nem compartilhar as questões de uma forma profunda, só preciso responder pontualmente de forma sucinta. Além do mais, algumas pessoas não sabem sobre a minha pesquisa, não tem obrigação de saber e vão dizer o que viram – esse é o papel delas. No entanto, nessa falta de maturidade minha em relação ao feedback, percebi que existem algumas posturas claras de quem dá feedback:

  1. Aquele que falam o que achou.
  2. Aqueles que falam o que deseja.
  3. Aquele que pergunta sobre a intensão e o processo e pontuam as impressões.

Acredito que é necessário repassar as impressões. Mas percebo que ainda existe um lugar não tão claro entre os artistas sobre o que é dar feedbacks. Tampouco não existe uma cultura para preparar um ambiente de feedback. Uma vez a Juliana Adur, bailarina da desCompanhia de dança, depois de voltar da residencia do CEM em Portugal fez uma palestra focando no que é Feedback. Achei genial, depois disso, tenho tomado cuidado em dar o feedback. Mas após essa mostra, ficou muito mais claro para mim a posição de quem recebe o feedback. Não estava preparado, pois é a primeira vez que estou num ambiente fora da desCompanhia expondo um trabalho em andamento. Minha vida como artista está vinculado com a companhia, lá as coisas funcionam de outra forma, nem melhor, nem pior, somente diferente . Assim eu tive dificuldade de compreender esse novo espaço organizacional. Também percebo que estou numa fase pessoal muito sensível, exagerei demais as sensações que tive. Tudo bem,  um dia de cada, vou aprendendo. Essa semana  tenho muito para fazer, já que daqui a duas semanas está agendada a terceira mostra e logo em seguida preciso viajar para a Alemanha. O tempo está curto, preciso muito da atenção do Ailton Galvão e da Cintia Napoli que acompanham o meu processo desde o início. Gostei muito da Andréa Lerner e Rosane Chamecki, são muito generosas, mas no momento preciso dos orientadores que acompanham a pesquisa do solo desde o princípio. A Andréa até comentou que tenho escutado elas mas talvez não tenha compreedido algumas questões. Na verdade, depois que o ví o vídeo Mostra, compreendi muito o que elas disseram, e levo em questão tudo que fora dito. Mas o fato é que eu trabalho em equipe, preciso consultar e compartilhar com a Cíntia e o Ailton, isso é uma forma de ter respeito com todo o trabalho que venho desenvolvendo junto com eles. Aqui percebo a existência de lochos diferentes de orientadores e cuidados que preciso ter com cada um deles dentro do processo do trabalho. Dessa maneira, fiz a orientação com o Ailton e a Cintia na sexta que passou após turbilhão de informações de feedbacks. Vou trabalhar nessa segunda e quarta-feira ensaiando na Casa Hoffmann analisando todas as questões. Assim, se puder, quero marcar uma orientação com a Andrea e Rosane na quarta a noite, essa é a forma que encontro de me proceder procurando respeitando a todos, incluindo a mim mesmo. 

sábado, 13 de agosto de 2011

Processo 032

Essa semana que passou ensaiei na Casa Hoffmann e no Vila Arte Espaço de dança. No Vila Arte tive a orientação e consultoria com a Cintia Napoli. Foi ótimo o ensaio. As coisas começam a fazer sentido:

  • O confetes espalhados e movidos por mim faz o barulho de ondas do mar.  
  • O meu corpo virando água é uma aceitação da morte e uma entrega à vida.
  • A camisa traz um contraponto trazendo o lado concreto da vida humana.
  • A tensão dos opostos como condição do movimento (Cintia Napoli, interpretando o Heráclito)

A Cintia mostrou me o Livro didático de Ontologia I da Unisul - 2011. Uma das frases que anotei da página 37 sobre Heráclito de Efeso que possui relação com o meu solo:

“A interdependência de opostos representam uma condição para que algo mude.”

P.S. Preciso orçar um microfone sem fio para ver se consigo ampliar o barulho dos confetes que lembram ondas do mar.