Essa semana teve a 2ª Mostra da Casa Hoffmann. Apresentei o que venho pesquisando, com figurino e os confetes do cenário. Hoje vejo claramente que estava meio confuso de COMO fazer a relação entre os elementos cênicos e comigo (camisa de manga complida, confete, mar, gota de água). Também tive receio de ser dramático ou didático demais… Não consigo entender o limiar da dança na questão narrativa, gestual e virtuosismo. Enfim, o fato de inserir elementos cênicos fez ficar confuso a temática da obra, pois ainda não tenho familiaridade com eles (no trabalho busco dizer que viver é uma constante tensão entre a morte e a vida, a morte faz parte da vida). Talvez colocar o confete e a camisa nesse contexto seja um crichê, ou abstrato demais. Mas insisto nisso, pois sinto um potencial neles e de certa forma quero uma obra que seja facil de circular entre cidades do interior levando magia cênica em lugares mais simples como escolas, igrejas, associações, etc. (sem precisar de uma estrutura de teatro tradicional com iluminação e palco italiano). Lógico que procuro transcender o significado dos elementos cênicos para que eles não sejam meros enfeites em cena. Bom, o fato é que na mostra não consegui a expressividade almejada, nem trazer a temática ao público como tinha me proposto. O momento do feedback foi díficil. Não porque as opiniões foram negativas, isso é de menos. Também não fiquei chatiado porque não recebi elogios. Somente fiquei abalado porque achei que tinha falhado naquilo que determinei a realizar – uma sensação de dever não cumprido por ignorância e/ou falta de escuta. Depois, o mais complicado era entender o meu papel dentro do bate-papo. Descobri que algumas pessoas acharam que estava na defensiva, me desculpando. A questão não era isso, estava tentando explicar como foi o processo, para entender melhor o que aconteceu. Afinal, sendo uma mostra de pesquisa achei que era necessario falar sobre isso. No entanto, hoje descubri que não é esse meu lugar naquele momento. Não preciso falar, explicar, nem compartilhar as questões de uma forma profunda, só preciso responder pontualmente de forma sucinta. Além do mais, algumas pessoas não sabem sobre a minha pesquisa, não tem obrigação de saber e vão dizer o que viram – esse é o papel delas. No entanto, nessa falta de maturidade minha em relação ao feedback, percebi que existem algumas posturas claras de quem dá feedback:
- Aquele que falam o que achou.
- Aqueles que falam o que deseja.
- Aquele que pergunta sobre a intensão e o processo e pontuam as impressões.
Acredito que é necessário repassar as impressões. Mas percebo que ainda existe um lugar não tão claro entre os artistas sobre o que é dar feedbacks. Tampouco não existe uma cultura para preparar um ambiente de feedback. Uma vez a Juliana Adur, bailarina da desCompanhia de dança, depois de voltar da residencia do CEM em Portugal fez uma palestra focando no que é Feedback. Achei genial, depois disso, tenho tomado cuidado em dar o feedback. Mas após essa mostra, ficou muito mais claro para mim a posição de quem recebe o feedback. Não estava preparado, pois é a primeira vez que estou num ambiente fora da desCompanhia expondo um trabalho em andamento. Minha vida como artista está vinculado com a companhia, lá as coisas funcionam de outra forma, nem melhor, nem pior, somente diferente . Assim eu tive dificuldade de compreender esse novo espaço organizacional. Também percebo que estou numa fase pessoal muito sensível, exagerei demais as sensações que tive. Tudo bem, um dia de cada, vou aprendendo. Essa semana tenho muito para fazer, já que daqui a duas semanas está agendada a terceira mostra e logo em seguida preciso viajar para a Alemanha. O tempo está curto, preciso muito da atenção do Ailton Galvão e da Cintia Napoli que acompanham o meu processo desde o início. Gostei muito da Andréa Lerner e Rosane Chamecki, são muito generosas, mas no momento preciso dos orientadores que acompanham a pesquisa do solo desde o princípio. A Andréa até comentou que tenho escutado elas mas talvez não tenha compreedido algumas questões. Na verdade, depois que o ví o vídeo Mostra, compreendi muito o que elas disseram, e levo em questão tudo que fora dito. Mas o fato é que eu trabalho em equipe, preciso consultar e compartilhar com a Cíntia e o Ailton, isso é uma forma de ter respeito com todo o trabalho que venho desenvolvendo junto com eles. Aqui percebo a existência de lochos diferentes de orientadores e cuidados que preciso ter com cada um deles dentro do processo do trabalho. Dessa maneira, fiz a orientação com o Ailton e a Cintia na sexta que passou após turbilhão de informações de feedbacks. Vou trabalhar nessa segunda e quarta-feira ensaiando na Casa Hoffmann analisando todas as questões. Assim, se puder, quero marcar uma orientação com a Andrea e Rosane na quarta a noite, essa é a forma que encontro de me proceder procurando respeitando a todos, incluindo a mim mesmo.
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